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SILO DAS ARTES - PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO

  • Maurício Labes
  • 28 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura


Aproveitando o tema da última postagem aqui no blog (sobre restaurantes ruínas), o texto de hoje será relativo ao meu projeto de conclusão de curso em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina.


Seguindo a linha de apropriação de espaços abandonados para novos usos, queremos seguir dando ênfase na importância deste assunto para os parâmetros atuais da arquitetura nas cidades.


O projeto trata da reconversão de um complexo agroindustrial em desuso na cidade de Chapecó que possui grande importância histórica e paisagística na urbe, passando a ter, desta forma, relevância patrimonial para o município.

Vista aérea da quadra onde se localiza o complexo

Desativado desde a década de 1990, o conjunto agroindustrial que produzia óleo de soja é composto por dois grandes silos de armazenagem de grãos e três galpões (dois no alinhamento de uma das principais avenidas da cidade, e outro no interior da quadra). Sua localização chama muito a atenção por estar situado em pleno centro urbano, fazendo parte da composição da espinha dorsal de Chapecó (a Avenida Getúlio Vargas). Com o tempo, o complexo foi sendo cada vez mais mascarado pelo crescimento do entorno dos arredores e pela alteração das fachadas dos galpões.


O potencial do espaço é alarmante e ascende questões sobre problemas patrimoniais na estrutura urbana, esquecimento da memória histórica e também sobre a especulação imobiliária. Reutilizar este espaço para um novo uso configura uma importante retomada e ressignificação que culminaria no reativamento desta memória já esquecida pelos chapecoenses.


O objetivo do projeto foi atuar na totalidade da quadra de implantação do complexo, pensando em novos fluxos, espaços livres e públicos para lazer, assim como alternativas que viessem a destacar os volumes originais que são tão importantes para a cidade e ter nos dois grandes silos de quase cinquenta metros de altura um programa cultural lúdico para a percepção da riqueza do patrimônio agroindustrial da região.


Esquema volumétrico da composição do projeto. Em azul as estruturas originais do conjunto e em laranjas novas estruturas implantadas para o conexão entre os espaços.

Vale ressaltar que por ser uma cidade planejada nas bases desenvolvimentistas da década de 1930 no país, as grandes avenidas que se cruzam de forma ortogonal na cidade acabam gerando grandes quadras fechadas que forçam o transeunte a andar sempre pelas bordas do extrato urbano, Isso gera um grande problema em relação a percepção de pontos referenciais e acaba por alienar os pedestres (típico de cidades que tiveram na sua implantação uma preocupação muito grande ligada aos automóveis).


A presença de uma antiga rua central na quadra onde os caminhões entravam para deixar as sacas e depois recolher a mercadoria para saída, se encontra hoje fechada pelas extremidades. Esta rua (de calçamento originalmente e assim mantida) acabou por se tornar protagonista no projeto. Propõem-se sua reabertura integral para passeio de pedestres somente, como um grande calçadão que convida as pessoas a conhecerem melhor o extrato urbano interno à quadra.


Vista térrea de acesso a antiga rua central do complexo reaberta para pedestres.

O programa arquitetônico do projeto em si conta com espaços para Coworking, novos espaços para a Escola de Artes da cidade, uma ampla biblioteca pública e um espaço coberto para feiras nos galpões do conjunto.


Nos silos foi proposto um espaço de contemplação à estrutura interna, concha acústica voltada ao espaço externo e uma rampa helicoidal de ascensão ao topo onde se implantaria um mirante de observação. Fora isso ainda foi proposta uma praça pública onde hoje existem dois terrenos baldios e uma edifício extra para lojas comerciais e administração do complexo.


Tudo isso conectado por passarelas metálicas aéreas que amarram os espaços e possibilitam uma nova forma de andar pelo extrato interno da quadra, gerando novos pontos de vista e dinamizando o trânsito como uma forma de questionamento ao engessamento dos fluxos urbanos que vemos tão presente em Chapecó.


O intuito deste trabalho foi a reflexão a respeito da cultura de demolir e construir tão atrelada às cidades atualmente. Possuímos inúmeros exemplares de construções importantes para a história de um município que vivem no esquecimento. Cabe a todos termos mais sensibilidade e criatividade no que diz respeito a reutilizar estas estruturas para ressignificar memórias e valorizar o que realmente deveríamos. Você pode conferir mais imagens deste projeto na galeria abaixo, é só ir clicando para o lado!



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